sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O que o Mercado de Trabalho Deseja: Especialistas ou Generalistas?


A resposta padrão dessa pergunta é: DEPENDE! Essa é a resposta que todos nós gostamos de falar quando uma pergunta que envolve diversas possibilidades nos é passada. Mas abaixo vamos retratar opiniões, fatos, o histórico do mercado, para chegar a uma resposta, ao menos, razoável.
Todos os dias diversos novos profissionais saem de suas graduações, principalmente engenharias, pensando em seu futuro e no mercado profissional que estarão ingressando. Cada um se engajando em uma especialidade diferente, em indústrias diversas e projetos únicos, mas com uma dúvida cruel na cabeça: se especializar tecnicamente em alguma área ou se tornar um profissional generalista?
Essa pergunta diverge opiniões de especialistas em mercado de trabalho de todo o mundo, principalmente no Brasil, onde na última década a indústria vivenciou enorme expansão (atualmente a situação é de certa degradação...). Esses crescimento tão rápido fez a indústria não “pensar” tanto nas contratações e os profissionais foram “encaixados” até em segmentos bem diferentes de suas formações.

Quem é Quem?

Antes de realmente discutirmos o assunto no seu escopo, vale de forma resumida explicitar o que é um profissional especialista e um generalista. Você sabe a diferença entre os dois? De forma rápida e pelo próprio nome percebemos, mas vamos tentar aprofundar! 
Os profissionais especialistas normalmente são pessoas que estão há 20 ou 30 anos nas empresas,  foram formados e começaram sua vida profissional no mesmo emprego e estão lá até hoje. Eles têm interesse em mudar? Normalmente não... A maioria é formada por pessoas extremamente focadas em resultados e muito operacionais. Mas com certeza existem jovens especialistas, que são aqueles que cursaram cursos técnicos e focaram desde o início suas carreiras em funções específicas. Para concluir, podemos dizer que o especialista é aquela pessoa que pode dar aula do assunto que conhece.
Para o generalista podemos dar dois enfoques em sua função. É o profissional com conhecimentos gerais, mas não especializado e conhecedor de algo. O nome generalista nesse caso remete a algo vulgar, ou seja, alguém que conhece um pouco de tudo, mas no fundo não consegue “resolver” nada. Mas claramente existe outro enfoque que pode e deve ser dado a esse profissional. O generalista muitas vezes é alguém que por anos de carreira passou por diversas funções e atividades, ou mesmo mercados diferenciados, agregando assim conhecimento em diversos níveis. Essas características remetem a profissionais executivos de grandes empresas, que ao longo dos anos foram desenvolvendo habilidades e conhecimento para chegar onde estão. O generalista não nasce de uma hora para outra.
Quem trabalha melhor em equipe e se relaciona melhor com as pessoas? Normalmente são os generalistas. Percebe-se claramente que funções tais como gerente de projetos, planejamento, comprador, entre outras que têm forte interface com pessoas, são vagas destinadas a generalistas.

O Mercado de Trabalho

Primeiramente gostaria de focar em um balanço que cada um pode fazer pesquisando em redes sociais ou em sites de empresas recrutadoras. Quais são as vagas abertas mais procuradas, em todos os níveis, desde analistas, passando por engenheiros e chegando a supervisores e gerentes? É fácil visualizar que as empresas estão procurando especialistas, com experiência e nível técnico elevado. Uma rápida conta pode revelar que 75% das vagas abertas são para profissionais com alguma especialização e experiência técnica. Realmente faltam profissionais especialistas para todos os segmentos. Recente pesquisa da Revista Veja (abril 2012) revelou essa necessidade nas empresas, principalmente no mercado automotivo, engenharia civil, tecnologia da informação e óleo/gás/energia. Esse último passa por um processo bem curioso. As empresas estão contratando profissionais de áreas diferenciadas, com certa experiência em outros ramos, e formando os mesmos dentro de suas casas. Ou seja, a indústria está arcando com a formação técnica de seu profissional. Os cursos de engenharia, mesmo específicos como telecomunicações e civil, não formam mais especialistas e sim administradores com conhecimento técnico. E o curso de engenharia de produção já há mais de 10 anos forma grande parte dos engenheiros do Brasil.
Outro enfoque o qual pode e deve ser estudado pelos profissionais é o futuro que almejam em suas empresas. Pesquisas de nível salarial mostram que os generalistas alcançam salários maiores a partir do médio prazo em suas carreiras. Mesmo no início de carreira, quando o profissional generalista passa por diversas áreas ou mesmo em função de trainee, ele também pode alcançar um nível salarial maior. O profissional especialista tem um crescimento de forma linear, passando por todas as etapas de evolução dentro de sua área específica. O gráfico abaixo mostra de forma geral a evolução de salário ao longo dos anos. Enfim, chega-se a conclusão que o especialista realmente fica num patamar inferior em relação ao generalista no quesito salário.

Pesquisa

Realizei uma rápida pesquisa de opinião com colegas de trabalho sobre esse tema. A maioria deles concorda que o mercado automobilístico é povoado de profissionais generalistas e vários outros profissionais que desejam se tornar generalistas desde cedo em suas carreiras. Entretanto é praticamente unanimidade para todos com os quais conversei que hoje e para o futuro próximo a necessidade é de especialistas técnicos. Mesmo nas áreas técnicas, os novos profissionais chegam com conhecimento extremamente superficial sobre suas atividades.
A mesma pesquisa mostrou que para os outros mercados, como óleo e gás, indústria civil e máquinas pesadas, além de algumas áreas específicas, como compras e gerenciamento de projetos, a demanda é alta por profissionais com conhecimento diversificado.

E Então?!

Falamos...falamos...e??? Qual a resposta? De forma clara o momento atual da indústria brasileira, após a forte expansão dos últimos anos, é de real necessidade por profissionais especialistas, com bastante experiência técnica. A indústria nacional deseja nesse momento se reinventar, criar tecnologias e desenvolver seus próprios produtos nacionalmente, ou seja, se desvencilhar de suas matrizes ou da necessidade de “comprar” tecnologia e conhecimento de fora. O profissional generalista nunca vai deixar de existir, mas ele deve estar preparado para se aprofundar e conhecer melhor todos os temas com os quais trabalha. Os generalistas podem, talvez, em médio prazo voltarem a ser bastante procurados, mas não serão mais reconhecidos como os mais importantes e fundamentais para a empresa. Os novos profissionais no mercado devem se aprofundar e especializar em algumas áreas, para depois de alguns anos de carreira, migrarem para as funções generalistas e assim almejarem posições executivas em suas empresas. A resposta é: não tente ser um generalista no início de carreira. E tente virar um generalista a partir do médio prazo de sua vida profissional.

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