A resposta padrão dessa pergunta
é: DEPENDE! Essa é a resposta que todos nós gostamos de falar quando uma
pergunta que envolve diversas possibilidades nos é passada. Mas abaixo vamos
retratar opiniões, fatos, o histórico do mercado, para chegar a uma resposta,
ao menos, razoável.
Todos os dias diversos novos
profissionais saem de suas graduações, principalmente engenharias, pensando em
seu futuro e no mercado profissional que estarão ingressando. Cada um se engajando
em uma especialidade diferente, em indústrias diversas e projetos únicos, mas
com uma dúvida cruel na cabeça: se especializar tecnicamente em alguma área ou
se tornar um profissional generalista?
Essa pergunta diverge opiniões de
especialistas em mercado de trabalho de todo o mundo, principalmente no Brasil,
onde na última década a indústria vivenciou enorme expansão (atualmente a
situação é de certa degradação...). Esses crescimento tão rápido fez a
indústria não “pensar” tanto nas contratações e os profissionais foram “encaixados”
até em segmentos bem diferentes de suas formações.
Quem é Quem?
Antes de realmente discutirmos o
assunto no seu escopo, vale de forma resumida explicitar o que é um
profissional especialista e um generalista. Você sabe a diferença entre os dois?
De forma rápida e pelo próprio nome percebemos, mas vamos tentar
aprofundar!
Os profissionais especialistas
normalmente são pessoas que estão há 20 ou 30 anos nas empresas, foram formados e começaram sua vida
profissional no mesmo emprego e estão lá até hoje. Eles têm interesse em mudar?
Normalmente não... A maioria é formada por pessoas extremamente focadas em
resultados e muito operacionais. Mas com certeza existem jovens especialistas,
que são aqueles que cursaram cursos técnicos e focaram desde o início suas
carreiras em funções específicas. Para concluir, podemos dizer que o
especialista é aquela pessoa que pode dar aula do assunto que conhece.
Para o generalista podemos dar
dois enfoques em sua função. É o profissional com conhecimentos gerais, mas não
especializado e conhecedor de algo. O nome generalista nesse caso remete a algo
vulgar, ou seja, alguém que conhece um pouco de tudo, mas no fundo não consegue
“resolver” nada. Mas claramente existe outro enfoque que pode e deve ser dado a
esse profissional. O generalista muitas vezes é alguém que por anos de carreira
passou por diversas funções e atividades, ou mesmo mercados diferenciados,
agregando assim conhecimento em diversos níveis. Essas características remetem
a profissionais executivos de grandes empresas, que ao longo dos anos foram
desenvolvendo habilidades e conhecimento para chegar onde estão. O generalista
não nasce de uma hora para outra.
Quem trabalha melhor em equipe e
se relaciona melhor com as pessoas? Normalmente são os generalistas. Percebe-se
claramente que funções tais como gerente de projetos, planejamento, comprador,
entre outras que têm forte interface com pessoas, são vagas destinadas a
generalistas.
O Mercado de Trabalho
Primeiramente gostaria de focar
em um balanço que cada um pode fazer pesquisando em redes sociais ou em sites
de empresas recrutadoras. Quais são as vagas abertas mais procuradas, em todos
os níveis, desde analistas, passando por engenheiros e chegando a supervisores
e gerentes? É fácil visualizar que as empresas estão procurando especialistas,
com experiência e nível técnico elevado. Uma rápida conta pode revelar que 75%
das vagas abertas são para profissionais com alguma especialização e
experiência técnica. Realmente faltam profissionais especialistas para todos os
segmentos. Recente pesquisa da Revista Veja (abril 2012) revelou essa
necessidade nas empresas, principalmente no mercado automotivo, engenharia
civil, tecnologia da informação e óleo/gás/energia. Esse último passa por um
processo bem curioso. As empresas estão contratando profissionais de áreas
diferenciadas, com certa experiência em outros ramos, e formando os mesmos
dentro de suas casas. Ou seja, a indústria está arcando com a formação técnica
de seu profissional. Os cursos de engenharia, mesmo específicos como
telecomunicações e civil, não formam mais especialistas e sim administradores
com conhecimento técnico. E o curso de engenharia de produção já há mais de 10
anos forma grande parte dos engenheiros do Brasil.
Outro enfoque o qual pode e deve
ser estudado pelos profissionais é o futuro que almejam em suas empresas.
Pesquisas de nível salarial mostram que os generalistas alcançam salários
maiores a partir do médio prazo em suas carreiras. Mesmo no início de carreira,
quando o profissional generalista passa por diversas áreas ou mesmo em função
de trainee, ele também pode alcançar um nível salarial maior. O profissional
especialista tem um crescimento de forma linear, passando por todas as etapas
de evolução dentro de sua área específica. O gráfico abaixo mostra de forma
geral a evolução de salário ao longo dos anos. Enfim, chega-se a conclusão que
o especialista realmente fica num patamar inferior em relação ao generalista no
quesito salário.
Pesquisa
Realizei uma rápida pesquisa de
opinião com colegas de trabalho sobre esse tema. A maioria deles concorda que o
mercado automobilístico é povoado de profissionais generalistas e vários outros
profissionais que desejam se tornar generalistas desde cedo em suas carreiras.
Entretanto é praticamente unanimidade para todos com os quais conversei que
hoje e para o futuro próximo a necessidade é de especialistas técnicos. Mesmo
nas áreas técnicas, os novos profissionais chegam com conhecimento extremamente
superficial sobre suas atividades.
A mesma pesquisa mostrou que para
os outros mercados, como óleo e gás, indústria civil e máquinas pesadas, além
de algumas áreas específicas, como compras e gerenciamento de projetos, a
demanda é alta por profissionais com conhecimento diversificado.
E Então?!
Falamos...falamos...e??? Qual a
resposta? De forma clara o momento atual da indústria brasileira, após a forte
expansão dos últimos anos, é de real necessidade por profissionais
especialistas, com bastante experiência técnica. A indústria nacional deseja
nesse momento se reinventar, criar tecnologias e desenvolver seus próprios
produtos nacionalmente, ou seja, se desvencilhar de suas matrizes ou da
necessidade de “comprar” tecnologia e conhecimento de fora. O profissional
generalista nunca vai deixar de existir, mas ele deve estar preparado para se
aprofundar e conhecer melhor todos os temas com os quais trabalha. Os
generalistas podem, talvez, em médio prazo voltarem a ser bastante procurados,
mas não serão mais reconhecidos como os mais importantes e fundamentais para a
empresa. Os novos profissionais no mercado devem se aprofundar e especializar
em algumas áreas, para depois de alguns anos de carreira, migrarem para as
funções generalistas e assim almejarem posições executivas em suas empresas. A
resposta é: não tente ser um generalista no início de carreira. E tente virar
um generalista a partir do médio prazo de sua vida profissional.
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