1. Estimativa Análoga
A
estimativa por analogia é a abordagem de custos feita baseada em projetos
anteriores, semelhantes em tamanho, escopo e complexidade. É baseada nos custos
reais desse projetos passados, que não devem ser somente superficialmente
parecidos e sim ter características bem semelhantes.
Essa
técnica é bastante utilizada por ter um custo inferior às outras e ser bem
rápida, entretanto sua precisão não é tão alta. É um tipo de estimativa
classificada como top-down, que
partem do projeto para estimar seus produtos intermediários e pacotes de
trabalho.
Normalmente
a estimativa análoga é usada quando não se tem informações detalhadas do
projeto, os documentos não estão a um nível bom de análise e o tempo para
preparação da estimativa é pequeno, ou seja, a aplicação deve ser para projetos
em fases iniciais ou projeto pequenos, com entregas individuais. Uma
característica importante é a necessidade de conhecimento e experiência dos
profissionais que prepararão essa análise, visando aumentar a certeza sobre as
analogias utilizadas. A tabela abaixo sintetiza as vantagens e desvantagens da
técnica por analogia.
Vantagens
|
Desvantagens
|
Rápida
|
Pouca
precisão
|
Tarefas não precisam ser identificadas
|
Feita sob pouca compreensão e informação
sobre o projeto
|
Menor
Custo
|
Requer
experiência da equipe
|
Quando
existe pouca informação para a análise
|
Disputa
na alta gerência pela maior parte
|
Dar
ao gerente de projetos uma idéia das expectativas da alta gerência
|
Menor
compromisso da equipe
|
2. Estimativa por Ordem de Grandeza
A
técnica de estimar por ordem de grandeza é utilizada quando as informações do
projeto são mínimas e existem poucos dados informativos e a organização deseja
uma estimativa o mais rápido possível. É baseada praticamente na experiência de
quem a faz e alguns poucos dados históricos, ajustando-os por indicadores
paramétricos, fatores de escala e curvas de capacidade. É também caracterizada
como uma estimativa top-down.
3. Estimativa Paramétrica
A
estimativa paramétrica é a técnica que usa de relações estatísticas entre dados
históricos e outras variáveis para calcular as estimativas de custos das
atividades do projeto. É um método de base quantitativa e multiplica o número
de unidades pelo custo para definir a estimativa. A eficiência da técnica será
maior e melhor se houverem bastante dados históricos e com boa qualidade. São
exemplos de formas de utilizar a técnica: custo por linha de código, por metro
linear, por instalação, por horas de mão-de-obra, etc.
Esse
modelo é caracterizado por ser rápido e fácil de aplicar, mas somente nas fases
iniciais do projeto, quando não se tem informações detalhadas dos pacotes de
trabalho. Em geral não são muito precisos, mas são objetivos e passíveis de
repetição. É também uma estimativa top-down,
devendo ser posteriormente distribuído o custo estimado entre as diversas
atividades e os módulos do projeto.
A
estimativa paramétrica usa algoritmos matemáticos e estatísticos parametrizados,
normalmente utilizando uma fórmula simples: esforço = K * tamanho. Entretanto,
podem ser criados outros modelos, como curvas de regressão ou de aprendizado.
Barbosa (2007, p. 75) demonstra também um modelo de capacidade:
CB = CA ( SB
/ SA)X
Onde CB é o custo estimado
do novo projeto, CA o custo do produto que já existe, SA
e SB são as capacidades dos dois projetos. O X é uma potência
utilizada para alterar a proporção do custo do novo projeto em relação ao
existente, variando conforme a complexidade do novo projeto.
Um
exemplo da aplicação desse modelo paramétrico de capacidade pode ser analisado
em um fornecedor de cabeçotes fundidos de motor. O cliente, uma indústria
automotiva, planeja aumentar sua capacidade anual de montagem de motores de 120
mil para 200 mil. Para tanto, terá de desenvolver uma nova linha no fornecedor
atual ou em outro, pois a linha que já existe não suporta mais aumento de
volume. A fundição atual foi recentemente desenvolvida, portanto a análise é
direta. O tempo de ciclo solicitado é o mesmo do atual. A estimativa da segunda
proposta pode ser feita de utilizando os dados do projeto da primeira fundição
que custou R$ 18 milhões. Neste estudo,
a complexidade X é definida como 0,80, conforme demonstra Barbosa (2007, p.
76).
CB
= CA ( SB / SA ) ^ ( 0,80 )
CB = R$ 18M ( 80.000 /
120.000 ) ^ ( 0,80 )
CB = R$ 13 Milhões
As
curvas de aprendizado ou regressão também são utilizados para se ter
estimativas, entretanto requerem dados disponíveis com uma boa correlação.
Barbosa (2007, p. 79) comenta que a dispersão deve ser tal que a curva de
regressão que saca a tendência deve projetar a variável dependente (custo) com
grau de confiança aceitável. O processo de aprendizagem demonstra normalmente
uma curva na qual os custos vão reduzindo conforme o conhecimento sobre
determinada tecnologia ou produto é maior. A figura abaixo demonstra como
funcionaria esse tipo de curva. Logicamente, existirá um limite para essa
redução de custos, pois um projeto não depende basicamente de conhecimento dos stakeholders.
4. Estimativa Bottom-Up
Podemos conceituar as estimativas bottom-up como a técnica que define estimativas
individuais para cada tarefa prevista no cronograma e na EAP do projeto, depois
as totaliza para chegar ao custo total do projeto. O termo bottom-up quer dizer de baixo para cima, pois a técnica requer que
todos os custos sejam conhecidos nos níveis mais baixos. Ou seja, através uma
EAP qualquer pode-se verificar os menores níveis de pacote de trabalho e ao
subir os níveis altos chega-se ao valor final agregado. Quanto menor o tamanho
e a complexidade do pacote de trabalho, maior será a precisão da estimativa.
Em
conjunto com a estimativa análoga, é normalmente a técnica utilizada para
preparação dos orçamentos de grandes projetos de indústrias de construção
civil, automobilística e siderúrgica, entre outras. Cabe ressaltar também que é
uma técnica que necessita de tempo e custo maiores, ficando dessa forma a responsabilidade
e análise do gerente de projetos sobre a real necessidade dessa precisão
superior contra um custo maior adicional, de acordo com a fase do projeto. A tabela sintetiza as principais características.
Vantagens
|
Desvantagens
|
Maior
precisão
|
Mais
lenta
|
Compromisso da equipe
|
Exige mais tempo e custo
|
Baseado
em visão detalhada do projeto
|
Tendência
do time em super-estimar
|
Provê
uma base para monitoração e contrôle
|
Requer
que o projeto esteja bem compreendido e definido
|
A partir do conhecimento minucioso do
escopo, das necessidades técnicas do projeto, além das documentações
existentes, podem ser levantados para cada pacote de trabalho ou atividade
específica os recursos e materiais necessários. Assim será feita uma composição
analítica dos custos unitários das atividades, produtos ou serviços. Barbosa (2007)
descreve que o custo do pacote de trabalho será estimado pelo somatório dos
custos previstos para sua execução, distribuídos pelos diferentes elementos
constituintes.
A tabela a seguir indica um exemplo de estimativa de custos para desenvolvimento de um
ferramental específico (molde de injeção plástica), detalhando os custos
unitários de cada atividade para o desenvolvimento desse equipamento, inclusive
mão-de-obra, estudos, materiais e desenvolvimento. O total desses custos
fornecerá uma estimativa de quanto deverá custar o pacote de trabalho
específico do desenvolvimento desse ferramental que é necessário no projeto
específico.
5. Reservas para Contingências
Segundo
o PMBOK, todo projeto deve estimar reservas de contingência para garantir
que todos os recursos a serem usados no projeto estarão contemplados. Essas
reservas são denominadas provisões para riscos e devem integrar o posterior
orçamento do projeto. Portanto, define-se as reservas de contingência como
recursos financeiros adicionados ao orçamento de um projeto para pagar qualquer
evento inesperado.
O
método mais comum de cálculo de reservas é atribuir um percentual sobre o total
de despesas do projeto. A variação varia conforme a complexidade, tamanho e
duração do projeto, e é baseada principalmente em dados históricos e na
experiência dos stakeholders. Deve
ser feita uma avaliação rigorosa do planejamento e cronograma do projeto para
se chegar a um percentual que seja justo e razoável para cobrir os planos de
resposta a riscos. Além disso, o plano de custos do projeto deve mostrar de
forma clara como foi chegado ao custo estimado das reservas, garantindo dessa
forma o conhecimento de todos da previsão a riscos que foi inclusa no projeto.
As
reservas serão sempre usadas a critério do gerente de projeto para lidar com
eventos de riscos que podem ser previstos, mas não garantidos. Essas incertezas
acontecem em todos os projetos, destacando-se os seguintes riscos mais comuns:
uso de uma nova tecnologia, crises financeiras mundiais, inflação, riscos sobre
o desenvolvimento de um novo fornecedor, perda de materiais ou equipamentos por
acidentes, entre outros.
Existem
também as chamadas reservas de gerenciamento, que são custos os quais não podem
ser estimados, pois se referem aos riscos que não podem ser previstos. São
eventos que vão impactar os custos do projeto, mas que não puderam ter sido
pensados antecipadamente, como por exemplo um terremoto de alta escala no
Brasil. Quando esse tipo de evento se torna realidade, impactando o projeto, o
gerente deverá solicitar um acréscimo de orçamento, visto a não previsão
anterior.
Referências Bibliográficas:
BARBOSA,
C. et al. Gerenciamento de custos em
projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
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