Como Estimar Custos em Projetos
Existem
projetos que apresentam uma economia considerável em seu orçamento. Os stakeholders se vangloriam com os
resultados obtidos. Entretanto, uma análise detalhada revela o real motivo
dessa economia: as estimativas e o orçamento continham a famosa “gordura”, ou
seja, o projeto tinha um orçamento superior ao necessário.
As
estimativas de custos com “gordura” são um tipo de problema muito comum nos
projetos. Além de poder inviabilizar projetos na fase de sua escolha, visto a
preparação de orçamentos muito altos, podem também causar a não maximização de
recursos dentro da empresa, contribuindo para futuros problemas de caixa.
Essa
pequena introdução mostra como é necessário utilizar uma abordagem rigorosa,
disciplinada e de preferência científica às estimativas de custos, evitando-se
assim desvios excessivos, sejam para cima ou para baixo.
A
estimativa de custos envolve o desenvolvimento de uma aproximação dos custos
dos recursos necessários para terminar cada atividade do cronograma do projeto.
De forma geral, as empresas têm procedimentos e critérios específicos para
apuração desses custos. As informações sobre projetos anteriores ou produtos similares
são bastante utilizadas. A experiência dos membros da equipe é também uma
importante fonte de consulta, assim como as propostas e consulta a fornecedores
que têm conhecimento maior sobre assunto específico.
Algumas
empresas possuem bancos de dados onde podem ser pesquisadas informações sobre
custos de recursos humanos, materiais e equipamentos. Alguns desses bancos
chegam mesmo a simular algumas estimativas a partir das entradas de duração e
pacotes de trabalho.
É
necessário também sempre tomar em conta os riscos associados às estimativas de
custos. Ou seja, podem ocorrer variações no cronograma que devem estar, de
certa forma, provisionadas pela equipe de projeto. Há ainda outro tipo de custo
que deve ser bem estimado: o custo da qualidade. São os custos necessários à
prevenção da não-conformidade e o não-atendimento dos requisitos esperados do
produto ou serviço.
O Uso da EAP nas Estimativas
A
prática mais comum para preparação das estimativas de custos é através do uso
da EAP – estrutura analítica do projeto. A partir dessa ferramenta de
gerenciamento de projetos é possível identificar, estimar e atribuir custos
para cada elemento do projeto. A EAP, portanto, é a base de controle e planejamento
do projeto, subdividindo um grande projeto em tarefas menores, chamadas de
pacotes de trabalho. A EAP organiza e define o escopo total do projeto,
subdividindo o trabalho em partes menores e mais facilmente gerenciáveis.
A
criação de pacotes de trabalho detalhados permite identificar os responsáveis
pela execução das tarefas, os meios (equipamentos e materiais) necessários, o
esforço e o tempo previsto. Dessa forma, permite-se ter um nível bem correto
das estimativas, que serão agrupadas nos níveis mais altos até se ter o nível
maior da estimativa.
A
figura abaixo exemplifica um certo projeto e suas fases principais, mostrando
como as mesmas podem estar fracionadas em subfases menores. A partir dessa
análise é possível estimar e prever os custos para cada pacote de trabalho,
juntamente ao cronograma do projeto.
Exemplo
de EAP.
Todas
as atividades que são mostradas na EAP e posteriormente no cronograma do
projeto tem custo específico, sejam eles os custos diretos como mão-de-obra,
materiais, equipamentos, serviços e instalações, assim como provisões e
contingências relativas ao riscos. Custos baseados em eventos também deverão
ser estimados. Normalmente esses eventos são designados por marcos em
cronogramas. Aproveitando-se do cronograma previsto, poderá se ter a correta
noção de quando cada despesa será desembolsada pela organização.
Técnicas de Estimativas de Custos
Existem
diversas técnicas e modelos para estimar projetos. Todos têm características comuns
e outras diferentes, tornando-as possíveis de utilização. Cada projeto, por sua
natureza ou produto desejado, irá determinar a melhor forma de estimar os
custos.
Um
projeto automobilístico, uma construção civil ou industrial, um projeto de TI, qualquer
que seja o projeto, é necessário sempre basear as estimativas em informações
existentes. Dessa forma, qualquer que seja a magnitude ou complexidade do
projeto, será feita a escolha do método de estimativa e o grau de precisão
necessário. De certa forma, chegar-se-á a conclusão que a forma ideal de
estimar é a utilização de todas as metodologias em conjunto.
Existem
duas grandes classificações, com as subdivisões de técnicas internas:
estimativas top-down (análoga, por
ordem de grandeza, paramétrica) e estimativas bottom-up. A primeira parte da premissa que não existem grandes
informações e documentos detalhados do projeto e a estimativa é feita do topo
para os níveis mais baixos, ou seja, define-se o valor total para se chegar aos
níveis intermediários e menores. A bottom-up
parte dos níveis mais baixos de pacotes de trabalho e os agrega até se estimar
o custos total do projeto. Em síntese, as técnicas top-down são menos precisas
e feitas com menor esforço. A figura indica como funcionam as duas classificações
sobre uma EAP.
Precisão
das Técnicas de Estimativa de Custos.
Atualmente
a maioria dos softwares de gerenciamento de projetos possuem campos que
permitem colocar as estimativas de custos para as atividades listadas no
cronograma. O programa fará o cálculo do custo total automaticamente.
A
técnica de estimar por vezes é muito subjetiva, principalmente devido a falta
de informações e dados inconsistentes. Existem formas de tentar evitar que essa
falta de dados possa provocar um cálculo inconsistente e possa comprometer
futuramente o projeto: perguntar e entrevistar especialistas e utilizar a
informação de fornecedores. Normalmente existem, dentro da equipe que
desenvolverá ou projeto ou mesmo dentro da organização, profissionais com
grande capacidade e conhecimento sobre assuntos e atividades específicas do
projeto. Eles podem ajudar a equipe de custos e a empresa a estimar os valores
de pacotes de trabalho de forma mais rápida e direta. Em relação aos
fornecedores, normalmente os mesmo têm uma boa relação com os clientes e sempre
disponibilizam informações solicitadas. Como muitas organizações terceirizam
etapas e compras nos projetos, os fornecedores vão se mostrar interessados em
passar informações e disponibilizar preços. É importante ter atenção no
comparativo das propostas de fornecedores para se fazer estimativas, pois todos
devem estar na mesma base (compreensão, premissas, prazos), evitando-se assim
grandes disparidades.
>>> Próximo Post: DETALHAMENTO DAS TÉCNICAS DE ESTIMATIVAS DE CUSTOS EM PROJETOS
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